quarta-feira, 27 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Marginalidades

Se as tuclídias tivessem maitopos, não murmavam cloacas!

sábado, 23 de maio de 2009

Pergunta de algibeira


Por que razão os esquimós não comem pinguins?

* para não influenciar eventualmente as eventuais respostas de eventuais comentadores, vou guardando o que vai aparecendo para publicação posterior.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Essa palavra saudade...

diz tanto, mas não o suficiente para expressar as dores mais fortes e mais fundas que o corpo e a alma sofrem quando as distâncias, abrupta e implacavelmente, se cavam em fossos, se erguem em muros...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Noroeste (IV)... beyond and back again

Como a malta (alguma) parece ter gostado dos Luar na Lubre, aqui apresento a primeira faixa do álbum Voyager (1996), de Mike Oldfield, que rearranjou o tema "O Son do Ar", original dos LnL, do seu primeiro álbum (1988) com título homónimo, tema esse que pode ser ouvido aqui mesmo ao lado no «Audiendo».

quarta-feira, 13 de maio de 2009

terça-feira, 12 de maio de 2009

segunda-feira, 11 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

KONIEC

Morreu há dias Vasco Granja, o melhor professor de educação visual da nossa geração, o único que nos ensinou realmente a VER. Com o engodo do cartoon americano mainstream do final do programa, geralmente do Tex Avery, "obrigava-nos" a conhecer as experiências mais ousadas no domínio da animação, desde as produções dos países que então ainda estavam para lá da cortina de ferro até aos experimentalismos do National Film Board of Canada, passando pelas incontornáveis escolas belga e francesa. Com ele, muito "vimos, ouvimos e lemos". Obrigado, companheiro Vasco, por não nos deixares ignorar.

Descubra as diferenças...






... entre o correcto e o politicamente correcto.

*Dicas: não tem nada a ver com os temas musicais (respectivamente final e inicial), nem com os idiomas destes (inglês ou basco), nem com o facto de um ser estático e o outro dinâmico.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ainda mais uma versão do «Stabat Mater Dolorosa»

Saltando muitas etapas, eis-nos chegados à contemporaneidade...











* versão de Arvo Part (1985).

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ainda o «Stabat Mater Dolorosa»

* esta é a versão de Palestrina.

domingo, 3 de maio de 2009

Ainda no Dia da Mãe




Stabat Mater Dolorosa

1. Stabat mater dolorosa
juxta Crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.

2. Cuyus animam gementem,
contristatam et dolentem,
pertransivit gladius.

3. O quam tristis et afflicta
fuit illa benedicta
Mater Unigeniti.

4. Quae moerebat et dolebat,
Pia Mater cum videbat
Nati poenas incliti.

5. Quis est homo qui non fleret,
Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?

6. Quis non posset contristari,
Christi Matrem contemplari
dolentem cum Filio?

7. Pro peccatis suae gentis
vidit Jesum in tormentis
et flagellis subditum.

8. Vidit suum dulcem natum
moriendo desolatum,
dum emisit spiritum.

9. Eia Mater, fons amoris,
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.

10. Fac ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.

11. Sancta mater, istud agas,
crucifixi fige plagas
cordi meo valide.

12. Tui nati vulnerati,
tam dignati pro me pati,
poenas mecum divide.

13. Fac me tecum pie flere,
crucifixo condolere,
donec ego vixero.

14. Iuxta crucem tecum stare,
et me tibi sociare
in planctu desidero.

15. Virgo virginum praeclara,
mihi iam non sis amara:
fac me tecum plangere.

16. Fac ut portem Christi mortem,
passionis fac consortem,
et plagas recolere.

17. Fac me plagis vulnerari,
fac me cruce inebriari,
et cruore Filii.

18. Flammis ne urar succensus
per te Virgo, sim defensus
in die judicii

19. Christe, cum sit hinc exire,
da per matrem me venire
ad palmam victoriae.

20. Quando corpus morietur,
fac ut animae donetur
Paradisi gloria.

Amen.

*Autoria atribuída ao frade franciscano Jacopone da Todi (Século XIII)

**Canto Gregoriano pelo Coro Beneditino da Abadia de Clervaux

Dia da Mãe

..................................Almada Negreiros, Maternidade, 1935
AS MÃES

Quando voltar ao Alentejo as cigarras já terão morrido. Passaram o verão todo a transformar a luz em canto – não sei de destino mais glorioso. Quem lá encontraremos, pela certa, são aquelas mulheres envolvidas na sombra dos seus lutos, como se a terra lhes tivesse morrido e para todo o sempre se quedassem órfãs. Não as veremos apenas em Barrancos ou em Castro Laboreiro, elas estão em toda a parte onde nasce o sol: em Cória ou Catânia, em Mistras ou Santa Clara del Cobre, em Varchats ou Beni Mellal, porque elas são as mães. O olhar esperto ou sonolento, o corpo feito um espeto ou mal podendo com as carnes, elas são as Mães. A tua; a minha, se não tivesse morrido tão cedo, sem tempo para que o rosto viesse a ser lavrado pelo vento. Provavelmente estão aí desde a primeira estrela. E o que elas duram! Feitas de urze ressequida, parecem imortais. Se o não forem, são pelo menos incorruptíveis como se participassem da natureza do fogo. Com mãos friáveis teceram a rede dos nossos sonhos, alimentaram-nos com a luz coada pela obscuridade dos seus lenços. Às vezes, encostam-se à cal dos muros a ver passar os dias, roendo uma côdea ou fazendo uns carapins para o último dos netos, as entranhas abertas nas palavras que vão trocando entre si; outras vezes caminham por quelhas e quelhas de pedra solta, batem a um postigo, pedem lume, umas pedrinhas de sal, agradecem pelas almas de quem lá têm, voltam ao calor animal da casa, aquecem um migalho de café, regam as sardinheiras, depois de varrerem o terreiro. Elas são as Mães, essas mulheres que Goethe pensa estarem fora do tempo e do espaço, anteriores ao Céu e ao Inferno, assim velhas, assim terrosas, os olhos perdidos e vazios, ou vivos como brasas assopradas. Solitárias ou inumeráveis, aí as tens na tua frente, graves, caladas, quase solenes na sua imobilidade, esquecidas de que foram o primeiro orvalho do homem, a primeira luz. Mas também as podes ver seguindo por lentas veredas de sombra, as pernas pouco ajudando a vontade, atrás de uma ou duas cabras, com restos de garbo na cabeça levantada, apesar das tetas mirradas. Como encontrarão descanso nos caminhos do mundo? Não há ninguém que as não tenha visto com umas contas nas mãos engelhadas rezando pelos seus defuntos, rogando pragas a uma vizinha que plantou à roda do curral mais três pés de couve do que ela, regressando da fonte amaldiçoando os anos que já não podem com o cântaro, ou debaixo de uma oliveira roubando alguma azeitona para retalhar. E cheiram a migas de alho, a ranço, a aguardente, mas também a poejos colhidos nas represas, a manjerico quando é pelo S. João. E aos domingos lavam a cara e mudam de roupa, e vão buscar à arca um lenço de seda preta, que também põem nos enterros. E vede como, ao abrir, a arca cheira a alfazema! Algumas ainda cuidam das sécias que levam aos cemitérios ou vendem pelas termas, juntamente com um punhado de maçãs amadurecidas no aroma dos fenos. E conheço uma que passa as horas vigiando as traquinices de um garoto que tem na testa uma estrelinha de cabrito montês – e que só ela vê, só ela vê.

Elas são as Mães, ignorantes da morte mas certas da sua ressurreição.

...........................Eugénio de Andrade, in Vertentes do olhar, 1987


sábado, 2 de maio de 2009