Do tempo em que, por haver censura prévia, se tinha de ser mais criativo para a ludibriar e desafiar.
Hoje, é claro que se pode dizer tudo, principalmente porque ninguém ouve ninguém, o que torna inconsequente o que se diga...
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5 comentários:
O Tom Zé é genial, à sua maneira. Os primeiros discos dele são maravilhosos. Estudando o Samba, Correio da Estação do Brás, Se o Caso é Chorar, e principalmente Todos os Olhos (o disco que tem a célebre capa do berlinde - não sei se conheces, vítor? - e que também ela fugiu inacreditavelmente à censura) são discos maravilhosos. Todos os Olhos tem Brigitte Bardot, que amo de paixão! Mas também O Riso e a Faca, Augusta, Angélica e Consolação, Um "oh" e um "ah", A Noite do Meu Bem... Qualquer dia entra no meu Museu ;-)
Já ouviste o último dele? Chama-se Estudando a Bossa e é de 2008. Interessante, mas falta-lhe qualquer coisa. Aliás, desde que o Tom Zé voltou de novo ao activo - por culpa do David Byrne -, que não é já a mesma coisa. Continua muito ousado, mas por vezes apenas isso. Sim, eu sei que a crítica diz o contrário, mas é o que eu penso.Talvez o disco de 1998 - Com Defeito de Fabricação - seja o que mais me agrada.
Meu Deus, tanta conversa por causa do teu post!!! Desculpa, amigo
Um abraço.
carlos:
pedes desculpa de quê e por quê?
Eu é que te agradeço a visita e, principalmente, o comentário. Fiquei a saber muito mais sobre o TZ e, mais ainda, com a tua opinião, que muito prezo. Eu conheço-o pouco e há pouco tempo. Descobri-o numa entrevista ao Jô e procurei conhecer um pouco mais sobre ele nessa altura. Apercebi-me da sua importância na MPB e na resistência à ditadura naqueles anos e gostei da pinta dele. Pedi a uma colega que ia ao Brasil ver o pai moribundo que me trouxesse o «Imprensa Cantada» - tudo isto aconteceu, aproximadamente, há 4 ou 5 anos (mais ou menos na mesma altura em que "roubei" a foto ao Jorge). Tenho utilizado este tema (recauchutado) nas aulas quando ao 10.º tenho de dar aquela tipologia textual "interessantíssima" que é o requerimento. Sempre fica menos 'seco' e aproveitamos para falar de de liberdade de expressão e ausência dela. Vou tentar conhecer melhor o TZ, orientando-me com as tuas opiniões.
Obrigado, amigo
Abraço
Realmente, torna-se mais difícil ser criativo quando se pode dizer tudo. É a preguiça que se apodera de nós?! É o comodismo gerado pela falta de necessidade? Ou será o facto de ser pouco motivador pintar o discurso quando, de antemão, tudo quanto se espera é uma 'não-reacção'?
Seja qual for a razão, a verdade é que há mais cinzento do que colorido nas facilidades da vida!
Penso, contudo, que a sensação de que não vale a pena falar(porque "ninguém ouve ninguém") deve ser abandonada ou, pelo menos, relativizada, pois, nem que tenha havido apenas um "ouvinte"... terá sido bem empregue o esforço!!!
*Eu, por exemplo, e modéstia à parte, considero-me 'boa ouvinte'! E quanto à censura... não a quero para nada; quero é saber pintar sem esperar nada em troca!
E água mole em pedra dura... consegue chegar a consequências!!!
Agora eu: Venho aqui requerer que se deixe de pensar em censura e se diga tudo "à fartazana", enquanto ainda se pode...
Vamos lá andar com as palavras, com as frases, com os textos, com as mensagens, sô Vítor!
Está bem ou não está bem?! :-)
margarida:
tens, obviamente, razão; para ouvintes como tu, não só vale sempre a pena falar, como também é uma obrigação e, acima de tudo, um prazer.
lady:
está bem, claro que sim; entregues que sejam os testes e os trabalhos, passadas que sejam as avaliações, prometo voltar a juntar palavras, compor frases, urdir textos...
Beijos às duas
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