domingo, 20 de setembro de 2009

Amor à primeira vista e outras paixões



Um dia (ou uma noite), enquanto procurava nem sei bem o quê no escaparate de uma discoteca, deparei com um CD que me atraiu o olhar pela beleza da fotografia da capa. Comprei-o imediatamente, disposto a submeter-me à experiência de chegar a casa e ouvir algo completamente desconhecido, sem qualquer tipo de informação sobre o autor ou o género ou o que quer que fosse. Foi uma das mais belas surpresas de toda a minha vida. Apaixonei-me imediatamente por aquele piano e pelos acordes que me oferecia. Como na adolescência de vinil, ouvi o álbum vezes sem conta, ao mesmo tempo que fui mergulhando no libreto para saber quem era este velho de olhar terno e sincero que me ensinava que a base da música cubana era o piano e não qualquer percussão ou jogo de metais. E descobri quem e de que forma o descobrira a ele, Rubén Gonzáles, tocando num piano quase a desfazer-se. E que esse descobridor, o Ry Cooder, descobrira também outras pérolas e as juntara todas num colar. Daí a procurar o CD Buena Vista Social Club foi apenas um passo. Engraçado é que, tendo gostado tanto do disco, oferecesse vários exemplares a alguns dos meus amigos e nunca tivesse comprado um para mim. Foi com um desses amigos, o PS, que, em 29 de Abril de 2000, vivi uma das noites mais mágicas do Coliseu, num dos primeiros concertos que Rubén deu fora da América Latina e, infelizmente, um dos últimos que a sua provecta idade lhe permitiu.

Hasta siempre, compañero!

* Como este é o meu post número 161 e sei que há quem goste de capicuas e similares, decidi publicá-lo em 20.09.2009, às 20:09. Eu sei que a coisa não capicua, mas tem o seu 'ritmo'...

2 comentários:

Lady Godiva disse...

A capa é, de facto, muito bela. Nunca pratiquei uma acção do género da que contas, impulsiva e nada preocupada com o resto... Parece-me esse um exercício de libertação da auto-censura, do medo de errar, do cuidado com aquilo em que se gasta o dinheiro...
Admiro o facto de teres seguido o teu instinto, sem sequer teres gasto tempo a pensar que poderias vir a arrepender-te.

Também fui sensível às tuas "outras paixões". Também me agradaram.

161 beijos
com o seu ritmo, claro

Vítor disse...

É assim, a vida.

Há gestos que resultam de impulsos momentâneos para durarem uma vida; outros passos há que só se dão depois de muito amadurecerem as vontades.
O importante é avançar, fruir, impulsiva ou reflectidamente.

Outros tantos beijos ritmados para ti