terça-feira, 21 de abril de 2009

... sonho de um porto infinito...


...........................................IV

Que pandeiretas o silêncio deste quarto!...
As paredes estão na Andaluzia...
Há danças sensuais no brilho fixo da luz...
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De repente todo o espaço pára...
Pára, escorrega, desembrulha-se...
E num canto do tecto, muito mais longe do que ele está,
Abrem mãos brancas janelas secretas
E há ramos de violetas caindo
De haver uma noite de Primavera lá fora
Sobre o eu estar de olhos fechados...
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Fernando Pessoa

1 comentário:

Guida Palhota disse...

Sabes, Vítor, não gosto nada do alarido do silêncio a tomar-me como inexistente!
Não gosto de distâncias inventadas ou construídas nem de viver de recordações.
Não gosto de "flores" quando é hora de confronto.
Nem gosto da chuvinha dos tontos, que não é carne nem é peixe. Chuva que é chuva é para encharcar até aos ossos, sejam quais forem as consequências.
Caia o mundo sobre mim, o mundo inteiro, mas caia declaradamente, com estrondo, com dignidade.
Eu quero a presença, o confronto, a partilha, a troca. E quero claridade que eu veja de olhos bem abertos. Quero um mundo colorido, variado, visto e revisto, dito e redito, e também contradito!
Eu quero existir, soar e ecoar, dizer e ouvir...