sábado, 2 de janeiro de 2010

191




– Ainda o apanhamos! Ainda o apanhamos! Se apressarmos o passo, ainda o apanhamos!
E os teus olhos, ao ouvirem estas palavras, brilhando, concordaram.
E apressaste comigo o passo.
E descemos os Aliados, num alegre trote, de mão dada, como se, juntos, formássemos magicamente um ser duplamente alado.
E entrámos.
E pedimos bilhetes.
– Para onde?
– Para a Foz. Queremos ver o mar!
– Então, têm de mudar em Massarelos para a carreira 1.
– A 1, claro. Muito obrigado!
E sentámo-nos lá atrás, tu à janela, eu na coxia, sempre de mãos entrelaçadas, a beber nos olhos um do outro a paisagem que a luz do Porto nos pintava...

*Num dia de capicua, o meu post 191...

4 comentários:

Aníbal Meireles disse...

Portanto, um trio: o post 191 que consegue encontrar-se escrito num eléctrico no Porto, que por sua vez dá continuação aos teus relances sobre um romance (ou serão vários, com personagens total ou parcialmente diferentes ?) que tu vais enquanto narrador apanhando a bordo de um meio de transporte (eléctrico) que excaixa perfeitamente no ambiente mais sereno e harmonioso que pretendes transmitir! É obra!

Mas olha, posso dar uma sugestão ?
Já que eles estão nos Aliados, posso sugerir uma prequela à cena que descreves ? Os teus pombinhos podem descer a pé, não demora mais do que dez minutos, e estão à beira rio, e com sorte até convencem um pescador para irem dar uma volta de barco pelo rio ao por-do-sol. O eléctrico fica para o dia a seguir.

(É que eu já fui feliz no Porto, sabes ;)

Abraço!

Vítor disse...

Meireles:

Todas as sugestões são benvindas, principalmente de quem já foi feliz nos sítios.
A intenção era procurar esse pôr-do-sol na Foz, mas o passeio de barco pelo rio também me parece bem.
Mas talvez fosse mais interessante zarpar da Afurada. Que te parece?
(É que eu já fui mais ou menos feliz no Porto e arredores...)

Abraço!

Lady Godiva disse...

Olá, Vítor!

Que verde magnífico!
Não há outro verde assim no teu blogue...
É, portanto, um verde especial, ao qual por que não chamar "verde capicua"?! A condizer com um post especial, várias vezes capicua - no número, na data, na hora, na imagem e na parelha com o post de 25 de Novembro (em Lisboa ou no Porto, um movimento idêntico, as mesmas emoções...)

Brilhante!
(como os olhares que as personagens se oferecem)

Vítor disse...

Guida:

Acho que és capaz de ter razão quando dizes que não há outro verde assim por cá.
Realmente, este blogue - talvez à semelhança do seu editor - é um bocado monocromático.
Uma das razões que me levaram a escolher esta foto foi a intensidade, se calhar não da cor (contra a qual, como aliás, "contra" nenhuma, não tenho nada), mas da luz.
O Porto é uma cidade que conheço pouco e sobre a qual sempre tive a impressão de ser sombria, até ao dia em que me dispus a conhecê-la melhor e tive a sorte de ser contemplado com o mais luminoso dia de Junho desse ano de 2001. É verdade, só comecei a conhecer o Porto no primeiro ano da década que agora finda, apesar de a minha primeira passagem pela Invicta datar do já remoto Julho de 1981. Durante anos, conheci do Porto a estação de Campanhã e um café que havia (ainda há?) em frente, nas minhas esperas em transbordo no percurso Lisboa-Vigo, ida e volta, em verões sucessivos da minha adolescência final.
Quanto às capicuas, é claro que foram propositadas e propositadamente pensadas para responder ao teu "picanço" do «AR de Mim».
Em relação ao texto, pouco há a dizer. É mais uma tentativa frustrada de tentar escrever qualquer coisa que por aí anda à espera de ganhar forma e que não há meio de assentar. É mais um "incipit" de uma história que talvez nunca venha a ser contada. Já foram vários os cenários e os meios de transporte tentados, mas não há meio de a acção se desenrolar nem de a viagem começar.
Nada de novo, apenas mais uma coisa começada e não acabada numa vida recheada de objectos semelhantes!...
Brilhante, mesmo, é a forma como leste o post e o manifestaste no comentário. O resto...

Beijo