quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Noites lisboetas (II)


A sua retina era ofuscada pela luz dourada da noite que emanava do rosto dela, languidamente deitada no espaldar do banco de jardim, oferecendo-lhe o beijo que não podia ser.
Foi então que ele disse:
– Apetecia-me andar de eléctrico contigo!
Ela descerrou lentamente as pálpebras, e os seus olhos, penetrando profundamente nele, perguntaram porquê.
Ele pegou-lhe na mão, ergueu-se lenta mas decididamente e levou-a consigo, rua após rua, até à praça em que, irradiando luz, o velho americano fazia tempo para iniciar a marcha em respeito pelo horário.
– Ainda o apanhamos! Ainda o apanhamos! – pôde ouvi-lo, do alto do seu cavalo, o Mestre a quem o povo um dia, ali perto, acudiu.
– Para onde me levas?
– Para onde ele nos levar…
– Não podemos…
– Podemos, sim!
E, na praça deserta mas plena de luz, puderam beijar-se, como se não houvera mais mundo.

9 comentários:

Guida Palhota disse...

Hmmmmmm!
Quentes estas noites lisboetas!

Podias contar-nos mais...
É que este "fragmento de amor" deixa água na boca!

Vítor disse...

Guida:

É isso mesmo, apenas um fragmento das muitas noites que as muitas lisboas guardam consigo. Se conseguir, tentarei contar algumas mais.
Obrigado por as ouvires!

Rute disse...

Vítor

Gosto de Histórias de Amor bem contadas, o que não é nada fácil! Concordo com a Guida, podias contar mais.

1 beijinho

Vítor disse...

Rute:

Como já disse, antes, à Guida, as histórias hão-de surgir; quando, é que não sei.

Beijo

Clarice disse...

Bem bonito menino Vítor... fico a gostar ainda mais destas caixinhas amarelas... que nos embalam...

*escreve mais, escreves...

Guida Palhota disse...

Por onde andas tu, lisboeta? Perdeste-te nas ruas e nas praças e já não consegues encontrar o caminho de volta ou foi o eléctrico que te levou muito para lá do fim da linha?!...
Anda, conta!

Um beijo
para o caminho

Guida Palhota disse...

Oh, oh, oh... mas que é isto, hein? Então o que é que foi feito do comentário a que tu respondes em primeiro lugar?

Se bem me lembro, lá para o meio de um texto longuíssimo(lol), eu dizia que este fragmento de amor deixava água na boca, e, como tal, pedia-te para contares mais histórias.

Ah, e também me lembro de ter considerado "quentes" estas noites lisboetas! Com um "Hmmmmmmm!"
Foi, foi! Cá para mim, andas a esquivar-te... ;-)

Bem, rapaz, de que Lisboa é tua penso já ter a certeza; agora gostava mesmo era que a partilhasses mais, pois tão bem sabes fazê-lo...

Vítor disse...

Miúdas:

Mil perdões por tanto tempo sem responder às vossas palavras!

Clarice:
Também gosto muito das caixinhas amarelas. Tentarei escrever, quando o tempo mo permitir e a cabeça estiver mais desocupada.

Guida (1):
Por aqui ando, miúda, por aqui, mas agarrado ao trabalho de tal forma que nem um bocadinho tenho reservado para pensar em Lisboa - nem sequer quando lá vou, quase todos os dias.
Hei-de contar!

Guida (2):
Agora, em público, quero pedir-te desculpa por ter feito não sei bem o quê que obliterou o teu primeiro comentário a este post. Felizmente, a tua memória prodigiosa conseguiu recuperá-lo. Obrigado!

Beijos às duas
e a quem mais...

Vítor disse...

Guida:

Afinal, "easy come, easy go"!
Eu não me lembrava de ter feito alguma coisa que apagasse o teu comentário.
E eis que ele surge novamente!
Ainda bem! Assim fica a "dobrar" (e, mais uma vez, se prova a qualidade da tua memória - é mesmo como dizias)

Beijo