quinta-feira, 21 de maio de 2009

Essa palavra saudade...

diz tanto, mas não o suficiente para expressar as dores mais fortes e mais fundas que o corpo e a alma sofrem quando as distâncias, abrupta e implacavelmente, se cavam em fossos, se erguem em muros...

13 comentários:

Clarice disse...

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar...)

*há muros enormes que crescem com o tempo... mas se nós conseguirmos (e conseguimos porque eu já li e ouvi que é obrigatório conseguir:)) espreitamos por cima deles... é que há paisagem mais além...

Clarice disse...

Esqueci-me de te dizer amigo Vítor, eu gosto muito desta música!

Guida Palhota disse...

'Saudade' não é aquilo que é referido no "Pedaço de Mim", que tão expressivamente postaste ilustrando o que escreveste a seguir (ou ao contrário). Porque 'saudade', no meu entendimento, é uma palavra sem dor, é a presença, em memória, de um bem passado que nos traz à pele um leve e doce arrepio e aos lábios um esgar de sorriso revelador do prazer que nos proporcionam as boas lembranças.
A saudade é um sentimento acompanhado de resignação pela perda. Ter saudades NÃO é sofrer o desejo da retoma, do reencontro, da repetição.
A saudade é uma espécie de leitor de nós, que nos permite "reviver" um prazer passado, experimentando o prazer da recordação. É uma capacidade humana para revisitar, na ausência, sentindo a presença...
Chico Buarque NÃO está a falar disto. Não tem é outra palavra para referir o que quer expressar. E, por isso, todas as outras, explicativas - as dele e as tuas!
...

Vítor disse...

clarice:
para conseguirmos espreitar por cima dos muros e ver a paisagem que há mais além serão precisas duas coisas: que queiramos espreitar sobre o muro e que o muro atrase um bocadinho o crescimento para nos deixar espreitar.

margarida:
é isso mesmo - "sofrer o desejo da retoma, do reencontro, da repetição", como dizes -, mas acho que ainda há mais e que não conseguirá ser dito com palavras (pelo menos eu não as encontro).

Vítor disse...

Ah!
Margarida!
Gosto mesmo da foto do teu perfil!
(Já to tinha dito?)

Rute disse...

Vítor

É lindíssima esta música e há imensos anos que não a ouvia!
Concordo contigo em relação ao que dizes sobre a saudade, ela pode ser um enorme tormento, um enorme murro no estômago quando nos lembramos, por exemplo, de alguém que já não está entre nós, que muito amámos em vida e que sabemos que jamais voltaremos a ver. Aí as saudades não trazem nada de bom, nem sequer um sorriso nos lábios.
Vítor, vou deixar uma palavrinha à Margarida, ok?


Margarida:
Acho que confundes recordações com saudades. A dor da perda da minha mãe(por, ex.) há já dezassete anos, não diminuiu com o tempo e as saudades que sinto dela trazem-me sempre sofrimento. No entanto tenho dela muito boas recordações que me fazem sorrir muitas vezes.

Guida Palhota disse...

Vítor, vou responder à Rute, ok? Grata.

Rute:
Eu até posso confundir tudo com tudo..., mas porquê só eu?! A minha opinião não é diferente da do Vítor e com ele tu concordaste!

Lady Godiva disse...

Desculpa, Vítor, mas apetece-me perguntar:
Porque é que não há quem ponha ordem nesta discussão?

Guida Palhota disse...

Vítor, posso falar, mais uma vez, à Rute? É que ela não vem ripostar... Obrigada.

Rute:
O que me pareceu que o Vítor quis dizer (e eu concordei com ele) foi que, muitas vezes, a palavra 'saudade' "não chega" (e não há nenhuma que nos sirva) para expressar um sentimento que implique a noção da impossibilidade ou da extrema dificuldade de repetição de algo que gostaríamos de reviver.
A dor que sentes por não poderes voltar a encontrar-te com a tua mãe é, por exemplo (no meu entendimento, claro), algo mais intenso do que saudade. E é disso que o Chico fala - com inúmeras palavras, porque não existe uma que, sozinha, seja suficiente para expressar a profundidade da dor, o "murro no estômago", como referes.
Sofrer a impossibilidade de satisfação do "desejo da retoma, do reencontro, da repetição" é algo muito mais forte do que a saudade, e é, seguramente, doloroso. A saudade não.
Mas tu também sentes 'saudades' da tua mãe - quando a recordas com alegria e orgulho por teres convivido com ela.

Nunca poderia haver confusão entre saudade e recordação, pois a saudade é a recordação de algo de bom, mas há recordações de vivências muito más. E dessas não temos saudades.

P.S. Quem me dera, Rute (tenho mesmo de acrescentar isto), poder ir ali ao café trocar umas palavrinhas com a tua mãe. Sinto mais do que saudades dela, que nos deixou prematuramente, e das conversas que ela tinha com todos nós - não podendo, obviamente, comparar-me contigo.

(Já da nossa adolescência, por exemplo, sinto "apenas" saudades, pois recordo-a com todo o carinho e agrado, mas não queria voltar a ela nem me magoa saber que não posso lá voltar.)

Rute disse...

Margarida: ( Eu sei que tu dás licença, Vítor :D )

Concordo em tudo contigo. Coisa extraordinária, hem! Desculpa, mas tenho que fazer uma pequena rectificação, há um pequeno pormenor de que eu discordo de ti: a saudade também pode trazer dor, não que isso tenha que acontecer sempre, mas às vezes acontece, associada a outros sentimentos que podem ser de perda ou não. Mas realmente há a falta de uma palavra para se expressar devidamente uma imensa dor de uma ausência permanente de alguém que muito amámos, por exemplo. É claro que tambem me recordo da minha mãe com um sorriso nos lábios, porque foi um privilégio ter uma mãe assim e com ela vivi momentos de grande felicidade e intensidade afectiva. As coisas essênciais da vida, para mim claro, aprendi com ela!
Bem, mas estou no blogue do Vítor... desculpa lá rapaz, acho que me estiquei e falei de coisas que não vinham a propósito!

1 beijo para ti Vítor, por me teres deixado usar e abusar do teu espaço

1 beijo para ti Guida, por teres falado de uma pessoa que me é TÃO querida

Vítor disse...

Ó miúdas, estejam à vontade!
A minha casa é a vossa casa. Tenho todo o gosto que usem este espaço como se dos vossos se tratasse. Eu faço o mesmo quando lá vou. Não nos sentimos sempre em casa, em casa dos amigos?

Beijos para as duas (e para o resto dos visitantes também, claro!)

Rute disse...

Também envias beijinhos ao Meíreles? É que ele já disse à Margarida que não o apanham a mandar beijinhos aos rapazes... :D

1 beijo também para ti
Gosto de vir à tua casa, sinto-me por cá bem

Vítor disse...

Ó Rute, em matéria de beijos, é para toda a gente. Quem não quiser beijar-me de volta é bem-vindo também. Não quero é que ninguém fique com ciúmes.