Parece que chegou o Natal... entremos no espírito!
domingo, 30 de novembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Parece que foi noutra vida...
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Primordial
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
O Dia da Criação - I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas como o mar
E bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Life Sentence
Entrei no barbeiro no modo do costume, com o prazer de me ser fácil entrar sem constrangimento nas casas conhecidas. A minha sensibilidade do novo é angustiante: tenho calma só onde já tenho estado.
Quando me sentei na cadeira, perguntei, por um acaso que lembra, ao rapaz barbeiro que me ia colocando no pescoço um linho frio e limpo, como ia o colega da cadeira da direita, mais velho e com espírito, que estava doente. Perguntei-lhe sem que me pesasse a necessidade de perguntar: ocorreu-me a oportunidade pelo local e pela lembrança. «Morreu ontem», respondeu sem tom a voz que estava por detrás da toalha e de mim, e cujos dedos se erguiam da última inserção na nuca, entre mim e o colarinho. Toda a minha boa disposição irracional morreu de repente, como o barbeiro eternamente ausente da cadeira ao lado. Fez frio em tudo quanto penso. Não disse nada.
Saudades! Tenho-as até do que me não foi nada, por uma angústia de fuga do tempo e uma doença do mistério da vida. Caras que via habitualmente nas minhas ruas habituais – se deixo de vê-las entristeço; e não me foram nada, a não ser o símbolo da vida.
O velho sem interesse das polainas sujas que cruzava frequentemente comigo às nove e meia da manhã? O cauteleiro coxo que me maçava inutilmente? O velhote redondo e corado do charuto à porta da tabacaria? O dono pálido da tabacaria? O que é feito de todos eles, que, porque os vi e os tornei a ver, foram parte da minha vida? Amanhã também eu me sumirei da Rua da Prata, da Rua dos Douradores, da Rua dos Fanqueiros. Amanhã também eu – a alma que sente e pensa, o universo que sou para mim – sim, amanhã eu também serei o que deixou de passar nestas ruas, o que outros vagamente evocarão com um «o que será dele?». E tudo quanto faço, tudo quanto sinto, tudo quanto vivo, não será mais que um transeunte a menos na quotidianidade das ruas de uma cidade qualquer.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
domingo, 9 de novembro de 2008
Breaking Glass (1980)
Com 15 aninhos celebrados há menos de duas semanas, aterrei em Heathrow em 21 de Julho de 1980.
O mundo mudou a partir desse dia, e eu soube-o nessa hora, mas numa dimensão ínfima se comparada com o que disso sei hoje.
Portugal, Lisboa, Massamá em 1980 estavam a anos-luz daquilo que comecei a ver a partir do momento em que o avião tocou o solo. Outro mundo, outra dimensão, em todos os planos. O que aprendi nos dois meses em que lá estive, para o bem e para o mal, moldou-me definitivamente o carácter. Vivendo em casa de familiares lá emigrados, trabalhando ao seu lado nas limpezas de escritórios e lojas ao fim do dia, tinha as manhãs e as tardes por minha conta e a chave de casa no bolso, ao lado das libras dos meus salários semanais. Não fiz tudo o que um puto de 15 anos poderia ter feito naquelas circunstâncias, mas isso só o soube mais tarde. Os meus horizontes eram limitados e a cidade era minha até onde pudesse ir a pé ou de autocarro ou metro sem correr o risco de me perder.
Talvez um dia continue a escrever esta história, entrando nos pormenores. Hoje, lembrei-me desse Verão, porque me lembrei dos dois discos - sim, só dois LP! - que de lá trouxe, comprados em Oxford Street: «McCartney II», acabadinho de sair e gravado pelo ex-Beatle praticamente em casa, e «Breaking Glass», primeiro trabalho de Hazel O'Connor e banda sonora do filme homónimo no qual ela é protagonista, película essa que só chegaria a Portugal, salvo erro, quase dois anos depois.
Em 80, dizia-se que o 'punk' tinha morrido, mas o que eu vi em Londres não foi nada disso.
Em 80, a 'new wave' amadureceu e vingou pelo menos meia década.
«Breaking Glass» é 'new wave' mas 'punk'. Não é uma referência para os entendidos, mas influenciou-me talvez mais do que qualquer outra coisa que tivesse ouvido até então.
E, entretanto, 28 longos anos depositaram-lhe muitas camadas arqueológicas em cima.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
O simples é belo
Esta é a versão d'«O Mundo da Criança».
A mais antiga que conheço (e de que gosto mais) está em:
http://www.youtube.com/watch?v=NcSgW1tBYrg#
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Ocaso
domingo, 2 de novembro de 2008
The Quest
PORTUGAL SACRO-PROFANO
Vila do Conde
O lugar onde o coração se esconde
é onde o vento norte corta luas brancas no azul do mar
e o poeta solitário escolhe igreja pra casar
O lugar onde o coração se esconde
é em dezembro o sol cortado pelo frio
e à noite as luzes a alinhar o rio
O lugar onde o coração se esconde
é onde contra a casa soa o sino
e dia a dia o homem soma o seu destino
O lugar onde o coração se esconde
é sobretudo agosto vento música raparigas em cabelo
feira das sextas-feiras gado pó e povo
é onde se consente que nasça de novo
àquele que foi jovem e foi belo
mas o tempo a pouco e pouco arrefeceu
O lugar onde o coração se esconde
é o novo passado a ida pra o liceu
Mas onde fica e como é que se chama
a terra do crepúsculo de algodão em rama
das muitas procissões dos contra-luz no bar
da surpresa violenta desse sempre renovado mar?
O lugar onde o coração se esconde
e a mulher eterna tem a luz na fronte
fica no norte e é vila do conde
Ruy Belo,